10.8.04

Merda
Caetano Veloso
 
nem a loucura do amor, da maconha, do pó, do tabaco e do álcool
vale a loucura do ator quando abre o ciclô sob as luzes no palco
bastidores, camarins, coxias e cortinas
são outras tantas pupilas, pálpebras, retinas
nem uma doce oração, nem sermão, nem comício à direita ou à esquerda
fala mais ao coração do que a voz de um colega que sussurra merda
 
noite de estréia, tensão, medo, deslumbramento, feitiço, magia
tudo é uma grande explosão, mas parece que não
pois é o segundo dia
já te disse não foi uma vez, nem três, nem quatro
não há gente como a gente chique de teatro gente que sabe fazer a beleza nascer pr'além de toda perda
gente que pôde entender para sempre o sentido da palavra merda
 
merda, merda pra você, desejo merda
merda pra você também, diga merda e tudo bem
merda toda noite e sempre, amém.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá!
e aí vamos pra Urca no findi??
beiJo.