31.7.06

um susto levei hoje mais cedo. um carro do batalhao de choque me faz parar bem na saida da linha vermelha para a perimetral. param uma kombi com o revolver apontado pro motorista. e ficamos ali uns 10 minutos parados, esperando os outros carros do batalhao de choque passarem. depois, nos deixam sair. eu fiquei branca que nem papel. lagrimas saindo dos olhos de medo. muito, muito medo. sem saber o que fazer se começassem a sair tiros ali, bem na minha frente.
A violeira
Tom Jobim - Chico Buarque/1983

Desde menina
Caprichosa e nordestina
Que eu sabia, a minha sina
Era no Rio vir morar
Em Araripe
Topei com o chofer dum jipe
Que descia pra Sergipe
Pro Serviço Militar

Esse maluco
Me largou em Pernambuco
Quando um cara de trabuco
Me pediu pra namorar
Mais adiante
Num estado interessante
Um caixeiro viajante
Me levou pra Macapá

Uma cigana revelou que a minha sorte
Era ficar naquele Norte
E eu não queria acreditar
Juntei os trapos com um velho marinheiro
Viajei no seu cargueiro
Que encalhou no Ceará

Voltei pro Crato
E fui fazer artesanato
De barro bom e barato
Pra mó de economizar
Eu era um broto
E também fiz muito garoto
Um mais bem feito que o outro
Eles só faltam falar

Juntei a prole e me atirei no São Francisco
Enfrentei raio, corisco
Correnteza e coisa-má
Inda arrumei com um artista em Pirapora
Mais um filho e vim-me embora
Cá no Rio vim parar

Ver Ipanema
Foi que nem beber jurema
Que cenário de cinema
Que poema à beira-mar
E não tem tira
Nem doutor, nem ziguizira
Quero ver quem é que tira
Nós aqui desse lugar

Será verdade
Que eu cheguei nessa cidade
Pra primeira autoridade
Resolver me escorraçar
Com a tralha inteira
Remontar a Mantiqueira
Até chegar na corredeira
O São Francisco me levar

Me distrair
Nos braços de um barqueiro sonso
Despencar na Paulo Afonso
No oceano me afogar
Perder os filhos
Em Fernando de Noronha
E voltar morta de vergonha
Pro sertão de Quixadá

Tem cabimento
Depois de tanto tormento
Me casar com algum sargento
E todo sonho desmanchar
Não tem carranca
Nem trator, nem alavanca
Quero ver quem é que arranca
Nós aqui desse lugar

20.7.06

o blog fica assim, meio no limbo. porque o mundo aqui fora anda interessante. meio confuso, mas interessante. o que mantém ele é essa coisa com escrever. escrever é bom. dá sensação de liberdade. dá liberdade. porque pondo em palavras as coisas entram nos eixos. elas se libertam da gente. e a gente delas. o estranho é perceber isso.
ontem assisti ao programa mais inacreditável da tv. juro, faz muito eu não ria tanto. chama-se rei majestade, passa no sbt (tá, isso eu acho que seria de se imaginar), e por ele passam seres que todos julgávamos mortos. ontem teve vanja ourico, miltinho, angela maria... um ixpetáculo. parece que em edições anteriores os espectadores foram brindados até com katia cega. mas o mais impressionante do preograma são umas bailarinas bizarras. porque elas não conseguem fazer uma coreografia. cada uma levanta uma perna diferente na hora que bem entende. meio como som fora de sinc no cinema, sabe? acho que eu danço melhor, juro.e os pobres dos cantores que vão? chega dá dó da decadência deles. e do fingir que são mais novos. chegam a falar que começaram a carreira com 14 anos pra tentar ser alguns anos mais novos...

13.7.06

tenho uma confissão a fazer... eu já li no mínimo. e nos últimos anos, ainda lia um ou dois colunistas (tá, o tutty, vá lá). mas hoje fiquei tão zangada com a posição reacionária de um deles, que eu ainda não achava o fim da picada. zangada como criança. por me sentir quase traída. por achar que nunca li tamanha asneira, tamanha falta de sensibilidade política e social. e quanto ao casarão do cosme velho ali mencionado, que tenha melhor função social invadido do que antes. quando servia pra nada, a não ser juntar poeira. ou pra que uma velha de 80 anos vai ter duas casas de 20 cômodos? pra fazer jogging andando nas duas? pra que, sinceramente, se acumulam tantas posses? quando vejo isso, me sinto um ser um tanto estranho, porque aparentemente, eu sou a minoria que concorda com a invasão. que acha graça quando se acabam com as coisas da aracruz. e que acha que estão olhando os vilões errados. sempre olhando os vilões errados...

12.7.06

entao. sem acentos de novo. e assistindo seriados idiotas na tv de madrugada, cheia de caipirinha na cabeça. e preciso dizer que ando insegura pra c****. e ando achando erro onde nao existe. mas acho que o problema e que estou feliz. p**** eu nao sei ser feliz!!! me ensina? eu nao sei, fico triste e insegura quando me aparecem possibilidades de felicidade.

ideias para muitos posts. tem a ver com loteria. com centro da cidade. com especiarias. com arabes. com argelia. coisa demais. acho que vira um conto ou dois. mas ta meio que fervendo aqui dentro agora. depois sai.
porque eu vi o filme sobre ele. e porque me disse muita coisa sobre mim. e porque ele esta comigo. I walk the line. eh isso. nao precisa mais que isso. I walk the line.
I walk the line
Johnny cash

I keep a close watch on this heart of mine
I keep my eyes wide open all the time.
I keep the ends out for the tie that binds
Because you're mine,
I walk the line

I find it very, very easy to be true
I find myself alone when each day is through
Yes, I'll admit I'm a fool for you
Because you're mine,
I walk the line

As sure as night is dark and day is light
I keep you on my mind both day and night
And happiness I've known proves that it's right
Because you're mine,
I walk the line

You've got a way to keep me on your side
You give me cause for love that I can't hide
For you I know I'd even try to turn the tide
Because you're mine,
I walk the line

6.7.06

eu ouvi numa mesa redonda dessas que o zidane voltou para a seleção porque teve uma visão. fui catar nessa caixa magnífica que é a internet e descobri que é verdade (uma notícia antiga me disse, mas agora perdi o link). ele teve uma visão, um cara veio no meio da noite e mandou ele voltar pros bleus, que ele daria mais um título para a frança. então chega-se à conclusão inevitável: zizou é, na verdade, doido. e doido, se sabe, não deve ser contrariado. pior de tudo: ele é um doido que tem toda a razão do mundo (pelo menos até o momento). praticamente um ungido pelos céus. e é isso. o ungido vai ganhar. porque, se ele não ganhar, imagina explicar pros franceses que até tão querendo trocar a imagem de jesus na cruz pela dele que não era bem assim?

perdão, sei que disse que nem ia falar sobre a copa. mas ungidos me dão medo. acho meio grave isso de um homem com uma missão divina, mística, sei lá. minha missão é essa daqui. viver. nenhum homem no meio da noite me pediu nada, a não ser um beijo...
falando algo: ô dó do cristiano ronaldo chorando... ô dó...
eu ia escrever sobre a irritacão dos jogadores não suarem a camisa (acho que suaram tudo pro rexona). ia escrever sobre um mau humor galopante que me corroía ontem, apesar do dia lindo que fazia, por conta de uma gripe que me deixou péssima no finde (pra ser sincera, nem assisti o jogo, de tanta febre). mas desisti. ontem, saindo da análise, fui andar na praia. pra encontrar minha mãe e almoçar no leblon, eu tava ali no arpoador, fui pela praia, pra ver se meu humor mudava. e mudou. a água tava transparente. se eu não tivesse toda vestida, tinha caído nela. o sol tava lindo. uma pintura. e eu esbarrei no chico buarque. e pronto. sabe aquelas reclamações? foram pelo ralo. porque ele tá velho. mas é o chico. e falava algo sobre futebol (na verdade, acho que falava que não aguenta mais dar opinião sobre futebol) e estava ali. e eu esqueci do ópio do povo. do que eu ia falar sobre a aflição que me dão nacionalismos. de que eu revi A queda. e pensei que nacionalismo por futebol é melhor, e discuti isso e vi que não sei se é assim. e ia falar muitas coisas muito sérias pra mim. mas tudo se resume a isso, não? um belo dia de sol. um mar transparente, mesmo que nem se mergulhe nele. um cheiro de mar. o chico andando no calçadão. e o mundo entra em perspectiva. nada é assim o fim do mundo. porque o sol tá ali. e o mar. e o chico...