13.1.17

Tempo de estio

Essa é uma postagem sobre música e cidade. sobre uma música e uma cidade.

fazia tempo que eu não ouvia tempo de estio. e eu sou uma dessas malucas que ama o verão do rio. amo a cidade lotada, infernal, barulhenta, quente. eu nunca soube explicar com algo além do incerto "amo o frisson" e sigo sendo a maluca que acha divertido e espera o verão. como se ele fizesse alguma diferença, diriam alguns. faz, eu digo. toda. tem um sorriso na cidade. nos turistas fascinados. nas praias lotadas. no mar transparente e gelado. tem um sorriso nos sambas no fim da tarde e nos botecos que ainda cobram 7 reais a garrafa. andar de chinelo e short 3 meses. (ok, eu trabalho em casa/na faculdade). é tudo muito além do que eu posso pedir.

daí eu fui ouvir o disco novo da Mart'nália. e eu acho ela maravilhosa e fantástica herdeira de tudo que é isso daqui também. do calor, do chão, do samba, da praia, do português chiado, do chinelo. e ela canta tempo de estio. e o tempo de estio é o verão do rio de janeiro. a letra. define exatamente como é o amor pela cidade. eu vim pela rua ouvindo nos fones. e dançando feito maluca pelas laranjeiras. com sorriso aberto. (e certa saudade da praia, nesse dia de chuva)

Quero comer, quero mamar
Quero preguiça, quero querer
Quero sonhar, felicidade
É o amor, é o calor
A cor da vida, é o verão
Meu coração, é a cidade
Rio, eu quero suas meninas, eu quero suas meninas
O Rio está cheio de sol, Solanges e Leilas
Flavias e Patrícias e Sônias e Malenas,
Anas e Marinas e Lúcias e Teresas,
Glórias e Denises e luz eterna, Veras
Rio, tempo de estio, eu quero tuas meninas
Eu quero tuas meninas

Quero comer, quero mamar
Quero preguiça, quero querer
Quero sonhar, felicidade
É o amor, é o calor
A cor da vida, é o verão
Meu coração, é a cidade
Rio, tempo de estio, eu quero suas meninas, eu quero suas meninas


https://open.spotify.com/track/7sBdYYQxdjkXzlqJ1n7NDq

9.1.17

pele

– você não parece a sua idade

teimo em não saber que diabos isso quer dizer. acho que é falado como elogio. suponho que a intenção seja associar beleza a juventude. ou juventude a algo bom. e eu não devo mais ser jovem. eu não aguento mais fisicamente o mesmo tanto. o rapaz ontem dizia que ele se sentiu velho quando eu disse que precisava ir. ele não entendeu que ele sustentou até meia noite. eu voltei nove da noite pra casa com alguma insolação e muita dor de cabeça. mas eu não pareço a minha idade.

eu não pareço a minha idade e as pessoas acham que eu sou só mal humorada. eu sou ótima. uso do sarcasmo como defesa quando não quero intimidade e não me importo com os bolos que levo, porque sou igual. eu não sei ter raiva de algo dois dias depois que aconteceu. não é que eu esqueça. é que sinceramente eu tenho mais o que fazer – literalmente também. tô aqui cheia de papel pra preencher e perdendo meu tempo escrevendo isso.

tudo isso pra dizer que me assusto quando vejo mil tratamentos de pele, de cabelo, de celulite, de sei lá que cacetes. eu não consigo passar remédio que a dermato manda todo dia. eu tenho espinhas como uma adolescente e as poucas rugas não se criam. ter cara de menina, como dizem, associando a juventude ao bom, parece que tá mais ligado a ser quem eu sou que a um suposto remédio contra a idade.

eu aceito a idade, apesar de resmungar. resmungo porque queria voltar meia noite do carnaval e sem dor de cabeça. resmungo porque queria dormir duas horas por noite e dar conta do trabalho. porque queria ter força física e talvez meu corpo dos 20 anos. talvez eu estivesse magra demais. não lembro ao certo. lembro da força e resistência. eram maiores. resmungo. mas a idade me traz um bando de coisa que eu não tinha. ela me traz planos, que eu não tinha aos 20. me traz calma, que eu não tinha nem aos 30. os 40 me trouxeram um futuro. que eu não tinha antes, e daí tanta ânsia.

talvez, apenas talvez, a pele só se adeque aos planos da pessoa. enquanto a gente tá aí pensando e criando o futuro. ela tenta estar do nosso lado. experimenta desistir....