11.6.16

viagem

sou dessas que precisa sair. para voltar. já disse algum dia aqui. sou apaixonada pelo rio desde pequena. apesar de ter morado fora quando pequena. fora do rio. em fortaleza. eu volto. preciso do rio como preciso de mim mesma. acho que me confundo com ele. com o por do sol na praia. com o samba nas quadras. com a feira na rua. depois de muito tempo sinto falta até da av. brasil, gente. toda a confusão de gente. de caras fechadas e de abraços abertos. de gente chiando. ontem mexeram comigo aqui. que o meu chiado não nega. porque eu chio falando portunhol. ixpetáculo.

eu saio e venho tentar ver o outro. eu preciso tentar analisar o outro. como eu me analiso. eu demorei a me tornar acadêmica. pesquisadora. mas eu entendo que é o que posso fazer. olhar. ver. pensar. só funciono assim. posso ir ao futebol. adoro beber cerveja. me sinto bem demais no baile charm. amo até touradas, vejam vocês. nada é acrítico. nada é do nada. tudo eu posso discutir e até rever minha posição. tudo é passível de ser compreendido.

dito isso. nada é tomado pelo seu valor de face. não acredito na primeira coisa que ouço. vou pesquisar e tentar entender. tô aqui com uma gata cega e surda no colo. falando com amigos pela internet. revendo um trabalho. conversando com gente daqui sobre temas que me afligiram. os apagamentos. os pactos fundadores das nações. tentando entender o dos outros. a mim interessa isso. é parte da viagem. é parte do conhecer. não conheci nada se só vi o lado bom. o rio é uma merda. mas é maravilhoso. e assim falo de muitos lugares.

aqui na argentina, reitero, me incomoda o extremo nacionalismo e o apagamento dos negros. mas eu estudo isso. eu terei isso percebido onde quer que eu vá. é o meu jeito de poder ir. não digo que isso não seja um problema em outros lugares. mas é aqui. comprei uns livros sobre. (o mundo, ele existe nos livros, vocês sabem, né?) e vamos ver o que eles dizem. segunda volto ao rio e teremos de volta nos meus olhos peles diferentes. e verei de novo barulho na rua. e gente de perna de fora. e me sentirei em casa. porque toda análise pra mim se borra em casa. eu tenho meu ninho. e fico feliz. ainda preciso ir pro que analiso. quem vem comigo andar a áfrica?

4 comentários:

Renata Lins disse...

o que é mesmo que você estuda?
tô sempre pronta a passear na África!

Anônimo disse...

África: adoraria. :)
Abração,
Helê

Aquela disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
tunics disse...

renata. então. minha tese é um painel warburguiano sobre a produção cultural africana contemporânea. e como painel, o que quero manter aqui como noção que sobrevive (noção warburguiana de sobrevivência) é a diáspora, o caminho e a volta, a troca.

resumão? produção literária e visual africana contemporânea. lusófona, francófona e anglófona.