30.11.13

verão

o dia estava estupidamente quente. grandes novidades. dezembro no rio de janeiro, se estivesse fresco, era motivo de festa. um sol que parecia dois, mais quente que no deserto, essas coisas todas. não era um dia pra trabalhar. definitivamente aquela roupa toda era um exagero. o ônibus lotado. o centro da cidade lotado. verão no rio deveria ser só pra turistas. como em paris. fecha a porra toda e vamos pra praia. ou pras montanhas, pegar um fresco.

enfim. reunião. toda arrumada pra não fazer feio. ia fazer uma apresentação. e suava feito um porco. desagradável. mas vamos lá. pra tudo dá-se um jeito. entrou na sala de reunião, e sentiu frio na mesma hora. não, carol não tinha problemas com falar em público. carol viu que um dos novos clientes era seu ex marido. não, tinha sido um término civilizado. apenas não estavam mais no mesmo lugar. acontece. como acontece rasgar a meia calça. acontece escorregar e quebrar o braço. acontece sei lá, o motor do carro fundir. coisas que não deveriam acontecer acontecem.

enfim. ela não sabia, mas percebeu na hora em que o viu. ainda ficava mexida. delícia. pelo menos o suor poderia ser creditado ao calor. até agradeceu. deu boa tarde. não falou nada. fez a apresentação. fez seu trabalho. voltou pra sua mesa. quieta. sem dar muita bola pro resto dos colegas. tentou não falar muito. pra não dar muito na vista. abriu o computador. olhou o e-mail. ele tinha sido muito, muito rápido. deve ter escrito no telefone o diabo do mail. era de se esperar. dado o histórico dele. enfim.

na hora nem quis ler. desceu pra fumar um cigarro. comprou um café. levou o celular. melhor ler quieta e sozinha. no e-mail, só uma frase. "ainda morro de saudades"

filho da puta.

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