15.7.16

janis

o filme da janis. a história dela. como é triste. perceber que o buraco nunca é preenchido. nunca. que se tenta reiteradamente preencher. e ele segue esvaziando. o buraco segue voltando. e cada vez maior. e cada vez maior. a tristeza. o desamor. o buraco. enorme. enorme.

daí tem duas coisas. o buraco e quem permite o buraco. o buraco a gente tem. uns mais, outros menos. é aquilo que diz que você não merece. que você não é amado o suficiente. e nunca é suficiente. que você não é bom. e nunca vai ser. com o buraco. a gente tenta lidar. e vez em quando não dá pra lidar. vez em quando a gente se afoga nele. e faz parte da vida. e a gente sente culpa por se afogar no buraco. mas a gente na verdade não precisa se culpar. só precisa dar um jeito de lidar com o buraco. cada um tem o seu. comida. terapia. remédio. o dela era a droga. a droga e o palco preenchiam o buraco. quem sou eu pra dizer que não? só fico triste dela não perceber que tinha mais do que tinha.

e quem permite. não é só quem tem o buraco. é quem tá em volta e vê o buraco consumindo e não segura a mão. e não avisa que o outro tá se afogando. e não diz pra parar. o documentário fala como se a única pessoa assim fosse a tal namorada que foi a woodstock. mas todo mundo ali (menos o pobre namorado que não conseguiu mais estar perto) foi isso. todo mundo que usou ela. que não percebeu. que achou que era só temporário. nunca é. o buraco é companhia pra vida. ele não vai embora assim. e alguém precisa avisar a gente. que não repara sozinha. que o buraco tá maior que a gente.

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