21.7.05

as pessoas iam entrando, abrindo a porta sem a menor cerimônia. gustavo olhava para luiza meio sem entender aquela falta de cerimônia, aquele sem limites da casa dela. aqueles cachos meio alourados, muito largos, que só apareciam vez em quando (no mais das vezes, o cabelo era liso mesmo), emolduravam o rosto, o cabelo tentando ser preso e nunca ficando muito domado era parte de quem era ela. e aquelas gentes também. ela olhava pra ele achando graça. a pele morena, os cachos que ela tanto queria (e por vezes fazia) no próprio cabelo domados na tesoura, curtos. olhos fundos. olhos tristes. ela gostava daqueles olhos. e de repente não entendia como tinha ficado tanto tempo sem eles. mas hoje era dia de muita gente. não era dia de chamego com aqueles olhos. acabou mais um prato de panquecas e foi se sentar com o povo. era bom aquilo, um dia sem tamanho de quanto havia comido ou bebido. adorava se sentir assim, segura mas sem limites. ali dentro ela podia tudo. porque em volta havia quem protegesse ela, sempre...
e os amigos faziam questão disso. todos muito próximos, brincavam de família uns dos outros. faz parte dos 30 anos, achavam. já longe da casa dos pais, ainda sem família assim muito fechada... iam estando perto sempre. e luiza era o centro, querendo ou não. de repente era isso que deixava gustavo aflito. ele se sentia roubando ela daquilo tudo que ela fazia tão bem...

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