28.12.04

Conto de Areia
Romildo S. Bastos e Toninho

É água no mar, é maré cheia ô, mareia ô mareia,
é água no mar
É água no mar é maré cheia ô mareia ô mareia
Contam que toda tristeza que tem na Bahia
Nasceu de uns olhos morenos molhados de mar
Não sei se é conto de areia ou se é fantasia
Que a luz da candeia alumia pra gente contar
Um dia a morena enfeitada de rosas e rendas
Abriu seu sorriso de moça e pediu pra dançar
A noite emprestou as estrelas bordadas de prata
E as águas de Amaralina eram gotas de luar
Era um peito só cheio de promessa era só
Era um peito só cheio de promessa era só
Quem foi que mandou o seu amor se fazer de canoeiro
O vento que rola nas palmas arrasta o veleiro
E leva pro meio das águas de Iemanjá
E o mestre valente vagueia olhando pra areia sem poder chegar
Adeus amor, adeus meu amor não me espere
porque eu já vou me embora
Pro reino que esconde os tesouros de minha senhora
Desfia colares de conchas pra vida passar
E deixa de olhar pro veleiro
Adeus meu amor eu não vou mais voltar
Foi beira-mar, foi beira-mar quem chamou
Foi beira-mar ê, foi beira-mar
ela morreu. eu aprendi a ver fotografia de verdade com ela. eu li os romances dela. e os ensaios. achava uma rara americana lúcida. vai me fazer falta. acho que chego em casa e me atraco no on photography. edição paperback, comprada na strand, baratinha. mas prateada. com uma foto velhinha na capa... uma graça.
é demais querer estar em recesso essa época do ano? eu não queria estar aqui trabalhando...
confesso que ando com mau humor danado com as notícias. hoje de manhã um repórter qualquer falava bobagens sobre arte. ele não precisa conhecer arte. mas custava falar nem que fosse com o monitor da exposição que ele tava mostrando?
27mil. previsão de 57mil mortos quando conseguirem contar com calma. uma tragédia. nada é assim novo pra se falar sobre o tsunami. mas porque diabos a imprensa brasileira insiste em falar da brasileira que morreu? foram 57mil. ela era uma só. eu sei que precisam do tal personagem. eu sei que brasileiro é ufanista, mas pelamordedeus, dá pra por as coisas em perspectiva?

22.12.04

roupa pro reveillon. preciso comprar roupa pro reveillon.
o que eu ia falar é que reencontrar amigos sempre é bom. e que eu agora tenho o que fazer no reveillon. e que me diverti muito com as fofocas. e com reencontrar o cogus, que ele é uma figura...
eu escrevi um post enorme e esse diacho aqui comeu ele trocou a data dele... e ainda por cima não consigo postar um gif...

trocar a data eu nunca tinha visto. e só vi dessa vez por acaso...
noite ótima. amigos antigos. como as pessoas mudam, meudeus. e eu continuo aqui, a mesma. não mudo nem vírgula. impressionante. todos casados. todos deixaram a outra metade em casa. parecia um acordo tácito. aquilo ali era pra matar saudades. falar fofocas. lembrar como era ser amigo assim e adolescente e entrando na faculdade. a gente era invencível. a gente ia conquistar o mundo. ia ser diferente. acabou que todo mundo é tão igual. todo mundo é tão normal. nunca entendi, e 4 anos de análise não serão nunca suficientes, porque eu tenho problemas com isso. ser normal deveria ser algo normal. pra mim incomoda. não quero ser normal nunca. não nasci pra isso. mas pessoas se tornam normais. parece que é a tal da idade. melhor eu me acostumar com isso. em algum rótulo eu devo me encaixar...
o que foi mais engraçado e inusitado foi ver que o cogus continua o mesmo. continua assinando cogus. continua sendo uma figura. aliás, é bom ver que todo mundo ali ainda tem carinho uns pelos outros. mesmo com toda intriga, fofoca, afastamento, discordâncias. foi bom ver que uma idéia de reveillon com todos juntos agradou. quer dizer, daí a vingar...
olha que fofo. chego de manhã e tem uma lembrança pra cada um na sua mesa. da estágiária de direito. tá, eu sei que é um calendário de igreja. tá, eu sei que tem coisa por trás, que ela quer catequizar a gente, e isso tudo. mas chegar de manhã com goiabinha na mesa foi tudo.

21.12.04

porque hoje eu tô meio cafona. muito cafona. porque tenho sono. e porque, vai, a música é bunitinha...

la barca
Roberto Cantoral

Dicen que la distancia es el olvido,
pero yo no concibo esa razón,
porque yo seguiré siendo el cautivo
de los caprichos de tu corazón.

Supiste esclarecer mi pensamiento,
me diste la verdad que yo soñé,
ahuyentaste de mí los sufrimientos
en la primera noche que te amé.

Hoy, mi playa se viste de amargura,
porque tu barca tiene que partir,
a buscar otros mares...de locura.
Cuida que no naufrague tu vivir...

Cuando la luz del sol se esté apagando
y te sientas cansada de vagar,
piensa que yo por tí estaré esperando
hasta que tú decidas regresar.
ontem p riu muito de mim com minha vontade de casar com l. não, não é real. l não quer nada comigo, nem eu com ele. mas é um grande amigo. desses que a gente mal vê, mas quando vê parece que foi ontem. e desses que eu sei que posso contar. a gente cresceu junto. a gente ficou adolescente junto (tá, eu um pouco antes). e a brincadeira era só essa. se é tão meu amigo, pode ser um bom plano b, talvez... falando a sério, acho que ando um tanto ou quanto assim frágil. e ele me ajuda a não me sentir assim. pena que foi viajar e só volta ano que vem...
eu dei a idéia de sair hoje com a turma toda da faculdade. eu sai ontem. era pra ser light, mas não foi nada light. eu queria ir pra casa dormir hoje. eu não tenho essa opção. acho que as pessoas ficarão chateadas se eu fizer isso.
a estorinha segue assim, eu querendo sempre o que não posso ter. eu arranjando razão para não estar feliz. segue que eu deveria voltar a fazer análise. e que eu ando mais doida do que queria estar. segue sendo sempre a mesma estória. e reprise não tem o menor ibope. pelo menos não deveria ter. segue que o mundo é muito mais simples do que eu finjo que ele é. e que eu devia juntar os mundos todos e ficar só com um. uma questão de escolha, percebe? segue que cansei de me fazer de pateta, de ser triste por escolha, mas não sei mudar. e não saber mudar é complicado. sei lá. falando muito e não falando nada, eu devia mesmo era procurar apartamento.
ou deixar de beber. de repente isso resolve.
eu definitivamente preciso deixar de ter um celular.
recomendo cachaça magnífica. bebi algumas caipirinhas (menor idéia do númeor, pobre fígado). dancei a noite toda (numa segunda, até as 2 é a noite toda). dormi pouquíssimo e só tenho um pouco de sono. nada de dor de cabeça. nada de gosto de cabo de guarda chuva, nada de enjôo...
queria um chopp, algo light. alguém me explica como eu terminei a noite saindo do carioca da gema sabe-se lá que horas? deve ter sido a caipirinha de graça...

20.12.04

meu tio querido chegou ontem. só vi ele hoje, por mil razões... e hoje, já acordada com a notícia da morte do pai da dentista (que é amiga da família), fui no enterro de tarde. não era pra ser um enterro emocional, ele já era bem velhinho, estava doente, e não era muito querido, pra ser muito sincera. mas a viúva, que cada dia era mais aflitivamente parecida com a filha dele, nossa amiga, chorava pitangas. isso porque ele era a quarta pessoa que morria em seus braços. me lembrem de nunca comer uma refeição preparada por ela. a outra filha, que não dirigia palavra ao velho faz 10 anos, e que nunca foi ao hospital, chorava mais ainda. de normal e são, meu amigo querido l, que dizia não entender tanto choro por alguém que eles nem gostavam. e insistia dizendo que tudo bem ele ir ali, ele tinha feito todas as providências, era avô dele e ele respeitava. mas não falava com ele faz 5 anos. chorar exatamente pra que, se na cabeça de todo mundo o afeto por aquela pessoa terminou faz tanto tempo. depois, como ele disse, aquele cemitério lembra o pai dele e meu irmão. pessoas queridas. e lembranças ficam pulando na nossa cabeça. acabei a tarde abraçada com ele, cobrando de nos vermos mais, já que ele volta a morar fora daqui mais um pouco... sugeri pra ele usar a cena inteira pra mote do roteiro que ele tem de escrever... fora que o enterro da frente era de um pessoal do candomble. legal ver as mães de santo de turbante e roupa branca. me deu certa paz aquilo.

tô escrevendo muito.
essa semana nem tenho tempo. mas semana que vem volto a estudar de verdade. sentar e ler. vai ser cansativo, mas... assim que eu tenho de fazer, pra terminar isso tudo e assim poder descansar depois...
comprei um casting pra pintar os cabelos. pela caixa, era mais claro que meu cabelo. ássei o casting. o cabelo ficou igualzinho ao que era. mudou um pouco o tom, mas acho que eu gostava mais antes. então, depois de tentar pintar o cabelo e nada acontecer, só perdi 9 reais e meia hora da minha vida... podia ter sido tão melhor utilizada...
ando querendo ficar deprimida. sabe como é isso? nenhuma razão maior pra ficar triste, mas estou triste. nada demais acontecendo e eu fico triste. e eu quero dormir. e sumir. e não ter de falar com ninguém. e como essa sensação aparece do nada, ela também some. só que enquanto ela existe, eu não sei o que fazer. e eu qero colo. quero chorar. quero entender alguma coisa. que eu não tenho entendido muita coisa. por que eu sou um tanto ou quanto impulsiva, eu sei. e vou fazendo as coisas e depois não sei bem porque fiz. e meio que me arrependo, mas eu nunca acreditei em arrependimento. e eu ando confusa. e nada feliz. deve ser o fim do ano chegando. quero dormir.

17.12.04

resolvi aderir à filosofia do andy warhol, ou à filosofia do so what. ele disse que a vida dele melhorou muito depois que ele resolveu isso. funciona assim: bateu o carro? so what? cortou o dedo? so what? se casou? so what?

verdade, tira muito da emoção do mundo. mas muito das preocupações também. de repente, tudo fica mais simples assim...
tô falante hoje. merecendo o título antigo do blog. aliás, ninguém se pronunciou sobre a troca. acho que vou por os dois ali em cima...
me falaram que minha prima cismou que quer por peito... era só o que me faltava agora... nunca imaginei que ela realmente sentisse falta de alguma coisa...
não consegui assistir a palestra. parece que o cara explicou muita coisa sobre a proporção áurea. achei que ninguém mais falava disso. juro. achei que ela tava morta e enterrada em algum lugar lé pelos anos 30, ou pelos 60, no pós moderno, sei lá. aparentemente eu tô errada. o cara não só deu uma palestra sobre isso como anda com um acetatozinho transparente com um risco marcando a seção áurea. se acha algo interessante, põe o papelzinho na frente e fica medindo pra ver se encaixa. se não encaixa, fica tudo feio na hora...
ontem ouvi uma estorinha engraçada. dessas que mostram que eu sou super normal.

imagina que na minha ex escolinha tem um estacionamento. e alguns carros começaram a aparecer riscados. e foram tentar descobrir o que era. depois do terceiro dia que apareceram carros riscados, os seguranças armaram uma tocaia. e viram um senhor, de seus 70 anos, riscando carros. foram falar com ele e ele fugiu. sim, fugiu. e não voltou pra buscar o carro dele no estacionamento até umas 8 da noite. foi avisado de que o diretor queria falar com ele. disse que ele nao fez nada. repetia isso sem parar. mas disse que ia no dia seguinte de terno falar com o diretor. meu amigo, o diretor, disse que vai de bermudas. aparentemente ele só risca carros que param mal na vaga. pode funcionar como uma ameaça. pare seu carro direitinho, se não o riscador maluco vai riscar ele todinho...
a gripe ainda tá me complicando os dias, mas nunca fui de ficar em casa mesmo, entonces vim pra cá. trbalhar faz be, acredito. aliás, sair de casa faz bem. e se eu visse mais um capítulo de barrados ou dawson (eu ia ver se ficasse em casa, acredite), eu pirava.

16.12.04

minha dileta amiga novarino agra tem blog. achei por acaso, assim, do nada. e ela também foi amiga por acaso. herança de ex. virou amiga assim, no meio do bola preta, da primeira vez que a gente se encontrou. dizem que ela é furona e meio louca. dizem coisas semelhantes de mim. acho que a gente se viu umas 3 vezes no último ano. mas é minha amiga queridíssima. enfim, ando assim, fazendo declarações...
descobri ontem uma boa razão pra ver o tal do alexandre. não sou muito fã de megaproduções, mas descobri que o namoradinho do alexandre é feito pelo boneco do jared leto. o menino é lindo. desde que ele era o jordan catalano eu achava ele perfeito. e ele fez réquiem para um sonho e continuou perfeito. e agora faz um homossexual e continua perfeito...
algumas coisas muito me impressionam, por exemplo: o que eu tinha na cabeça ao assitir barrados no baile? e dawson's creek, que ainda por cima é pretensioso? quer dizer, parando pra pensar, dawson's ainda tinhao pacey, que eu continuo achando uma graça, agora barrados... não tem um que se salve...
um dia vendo televisão doente e eu quis arrancar todos os meus cabelos. meus neurônios tavam que nem os do calvin: estourando igual pipoca. dava pra ouvir. desespero absoluto que a tv, que eu gostava tanto, tá cada dia mais imbecil. ou serei eu ficando mais empoada?
sábado eu pensava em ir ao monobloco. enfiar o pé na jaca e dançar até gastar o sapato. mas tenho aniversário de um amigo da faculdade. e amigos são amigos. o monobloco há de tocar outra vez no mam. há de acontecer.
um dia de cama e parece que eu perdi tanta informação no mundo....
aliás, uma manhã no trabalho e parece que eu preciso de mais um dia de cama...

14.12.04

gripe. garganta dói. cabeça dói. quero colo. quero ficar em casa. não quero trabalhar...

13.12.04

pensando alto, eu penso desde semana passada se não ando fazendo muita bobagem na vida. queria ter mais certezas e ser menos impulsiva vez em quando. mas nunca aprendi a ser assim. acho até que desaprendi isso. fui fazendo as coisas, fui perdendo as certezas, fui acreditando em não pensar muito sobre as situações. e vez em quando funciona. vez em quando o que a gente foi fazendo sai tão direitinho, tão redondinho, parece que tudo foi planejado e tudo foi com as certezas necessárias. nem parece que eu não tinha a menor idéia do que eu estou fazendo. mas agora eu não sei. não sei como vai sair. só posso esperar que vai dar certo. porque eu tô indo. sem pensar. sem certezas, só fazendo. só continuando. e eu acho que tá tudo como deveria estar. mas ainda tenho um medinho. a tal da falta de certeza. a tal da pouca confiança...
trabalhnado, tentando estudar... com a minha dispersão dos últimos dias, tarefa complicada. mas vai, consegui escrever. domingo, com bloqueio, decido ir passear na festa de m com minha mãe. ela tinha falado que era o natal dos cachorros. eu não imaginei literal. cachorros andando pela casa. lembrancinhas pros cachorros. inacreditável.

10.12.04

porque ontem ele não sabia que a tigresa era a sônia braga (aliás, a personagem se encaixa tanto nela...). e eu percebi que eu sei todas essas fofocas de música. que a camaleoa é a regina casé. que o leãozinho é o dadi. que sexo e amizade era a relação dele com a paula lavigne. branquinha a paula lavigne. vera gata, a vera zimermam. e tem alguém que é o eclipse oculto. agora não me ocorre. mas não é nenhum orgulho. e todo mundo tem o seu eclipse oculto pessoal também. que eu já misturei os autores, mas não tem importância. gosto dos personagens das músicas. e quando era adolescente queria que fizessem uma pra mim. coisa pouca, super modesta eu. mas eu queria uma destas, de personagem. só a declaração...
Tigresa
Caetano Veloso

Uma tigresa de unhas negras e íris cor de mel
Uma mulher, uma beleza que me aconteceu
Esfregando a pele de ouro marrom do seu corpo contra o meu
Me falou que o mal é bom e o bem cruel

Enquanto os pelos dessa deusa tremem ao vento ateu
Ela me conta com certeza tudo o que viveu
Que gostava de política em mil novecentos e sessenta e seis
E hoje dança no frenetic Dancin’ Days
Ela me conta que era atriz e trabalhou no Hair
Com alguns homens foi feliz, com outros foi mulher
Que tem muito ódio no coração, que tem dado muito amor
E espalhado muito prazer e muita dor

Mas ela ao mesmo tempo diz que tudo vai mudar
Porque ela vai ser o que quis inventando um lugar
Onde a gente e a natureza feliz
Vivam sempre em comunhão
E a tigresa possa mais do que o leão

As garras da felina me marcaram o coração
Mas as besteiras de menina que ela disse, não
E eu corri pro violão, num lamento, e a manhã nasceu azul
Como é bom poder tocar um instrumento
na verdade, vez em quando tenho certeza que eu deveria acreditar menos. esperar menos. eu me decepcionaria menos. me afligiria menos. eu deveria talvez acreditar mais em mim e menos nas gentes. que as gentes são ótimas. mas eu é que deveria ter a força. ter a capacidade. não os outros. eu nunca acho que eu vou fazer. mas sempre acredito nos outros. sempre tenho um que de esperança. porque eu me agarro na déia que o mundo ia ser tão mais difícil sem ela...
Odara
Caetano Veloso

Deixa eu dançar
Pro meu corpo ficar odara
Minha cara
Minha cuca ficar odara
Deixe eu cantar
Que é pro mundo ficar odara
Pra ficar tudo jóia rara
Qualquer coisa quese sonhara
Canto e danço que dará
o filme se repete na minha frente. e eu ajo como se não tivesse nenhum controle sobre o que está acontecendo. e vez em quando até sinto como se fosse verdade, e me dá uma certa angústia. chove, sair do bar, andar até o carro. chegar, sentar no sofá e ouvir música. dessa vez não era betânia que controlava o tocadiscos. era ella e caetano. queria ouvir odara, depois do outro dia. conversa jogada fora. a sensação de descontrole continua. a sensação de que existe um jeito das coisas serem mais simples. porque elas não seriam?

9.12.04

tem dias que a vontade é começar de novo. tudinho. vamos lá, volta pra cama, acorda de novo... tudo do zero. porque parece, como dizia um amigo, que deus me odeia e lembrou que eu existo. porque tudo que a gente toca dá errado de algum jeito. porque fica tudo difícil. mas a única saída é continuar indo em frente, tentando resolver as coisas, e tentando ver se em algum momento parece que a gente acordou de novo e tudo veio certo dessa vez...
ihh... agora o blogger não me dá mais todas as opções...
olha que o dia começou difícil. quase, quase parti pra briga física com o homem da gráfica. o que me impediu foi o fato dele estar do outro lado da linha telefônica, em campo grande, acho... o cara me chamou de mentirosa pra baixo, nunca tinha visto isso. a vantagem é que corre o boato que em tpm a pena é atenuada...

8.12.04

eu falei que tô em ritmo de caetano desde ontem, não falei? cantando pra ficar odara, pra esquecer da vida e não me preocupar com o que é inevitável. pra não lembrar que eu fico trsite no fim de ano, pra lembrar que eu adoro natal, adoro presépios e árvores. pra esquecer que a minha vida tá uma zona, pra lembrar que eu sei onde eu quero ir pela primeira vez em anos... e tenho até plano b pra onde eu não sei se quero ir. pra lembrar que tenho amigos e amores e família. e que eu gosto deles, e eles de mim. pra esquecer que tem gente que não precisava existir (tenho meus desafetos). pra esquecer que tem gente que podia ainda existir. pra saber o que fazer com isso. pra pensar nos que estão longe. pra esquecer toda essa filosofia barata das músicas do caetano, e saber que a gente tem mais é que cantar mesmo...
Giulietta Masina
Caetano Veloso

Pálpebras de neblina
Pele d’alma
Lágrima negra tinta
Lua lua lua lua
Giulietta Masina

Ah, puta de uma outra esquina
Ah, minha vida sozinha
Ah, tela de luz puríssima

(Existirmos a que será que se destina?)

Ah, Giulietta Masina
Ah, vídeo de uma outra luz

Pálpebras de neblina
Pele d’alma
Giulietta Masina
Aquela cara é o coração de Jesus

© Editora Gapa
Branquinha
Caetano Veloso

Eu sou apenas um velho baiano
Um fulano, um caetano, um mano qualquer
Vou contra a via, canto contra a melodia
Nado contra a maré
Que é que tu vê, que é que tu quer,
Tu que é tão rainha?
Branquinha
Carioca de luz própria, luz
Só minha
Quando todos os seus rosas nus
Todinha
Carnação da canção que compus
Quem conduz
Vem, seduz
Este mulato franzino, menino
Destino de nunca ser homem, não
Este macaco complexo
Este sexo equívoco
Este mico-leão
Namorando a lua e repetindo:
A lua é minha
Branquinha
Pororoquinha, guerreiro é
Rainha
De janeiro, do Rio, do onde é
Sozinha
Mão no leme, pé no furacão
Meu irmão
Neste mundo vão
Mão no leme, pé no carnaval
Meu igual
Neste mundo mau

7.12.04

verborrágica, tagarela. estou hoje. profundamente verborrágica. cuidado comigo... vou sair falando mais do que devo, mais do que queria... pior que falo pra quem quer e pra quem não quer ouvir. a tal da censura, o tal do superego estavam em falta quando nasci, deve ser isso. eu devia, por essa lógica, conhecer meus sonhos e ser feliz, mas não é assim. a minha censura só é diferente...
acordo, ligo a tv. disso todos já sabem, acho... tomo banho e vou me vestir. assim que olho, está passando parapluies de cherbourg. filme ícone. é fantasticamente kitsch. com a nata do cinema francês, mas kitsch como só um bom francês sabe ser, quando exagera. as cores sempre em contraste das roupas dos personagens. a parede combinando com o chapéu. a fala sempre musicada. é fantástico. inteiro fantástico. quase desisti de vir pro trabalho e fiquei ali, olhando caterine deneuve fazendo papel de cantora...
me inspiraram a cantar essa música. e eu sei que o dia era pra ser do tom. mas eu tô em ritmo de caetano desde que acordei...
olhar pro lado e saber que hegel me deprime. e esquecer que ele me deprime e começar a escrever o diabo do trabalho, que já tem quase uma lauda das 7 necessárias...
Paula e Bebeto
Milton Nascimento/Caetano Veloso

Ê vida vida que amor brincadeira, à vera
Eles amaram de qualquer maneira, à vera
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor vale amar
Pena que pena que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor vale amar
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor valerá
Eles partiram por outros assuntos, muitos
Mas no meu canto estarão sempre juntos, muito
Qualquer maneira que eu cante esse canto
Qualquer maneira me vale cantar
Eles se amam de qualquer maneira, à vera
Eles se amam é prá vida inteira, à vera
Qualquer maneira de amor vale o canto
Qualquer maneira me vale cantar
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor valerá
Pena que pena que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale o canto
Qualquer maneira me vale cantar
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor valerá
acabando os trabalhos da pós, me ocorre o verdadeiro problema dessa época do ano: o que fazer no ano novo...

nunca fui fã desse feriado. filha de pais separados, era o feriado do meu pai. e era chato toda vida. feriado de adultos. eu não ganhava presentes, eu não era paparicada... passei a tomar toda a champanhe do meu pai, e, pra orgulho dele, uma noite avisei que a champanhe que ele tinha comprado (a viúva, sempre a melhor) em garrafinhas pra mim estava passada. e estava. avinagrou, fazer o que? abriu outra garrafa pra mim... depois eu dormia o sono dos justos. e acordava e contava as horas pra voltar pro rio. que eu detestava estar longe de tudo. olhando pra trás, eu reclamava de barriga cheia. hoje em dia eu adoraria esse feriado com a família, em angra, bebendo champanhe (de verdade, bom champanhe faz uma diferença)... na época, eu só achava que não era festa pra criança...

6.12.04

comprei lichia. e hortelã. falta só o saque preu fazer meus drinks 00 lá em casa e ser uma mulher feliz...
chove aqui dentro. felomenal. simplesmente começou a cair água do teto. agora precisamos descobrir o que é isso...
mundo? que mundo?
fim de semana quieto
estudando
nada de hegel. parece que não entra. cansaço de ler. não é que não entenda. nem acho que possa ser assim tão complicado. só é chato. muito chato. serve pra insônia. recomendo.

3.12.04

sensação pior em uma livraria: não posso levar tudo, tudinho pra casa...
lendo matéria sobre uma dessas listas top 10, fiquei meio passada com o comentário do jornalista. porque (me perdoem meus amigos jornalistas) como diz um amigo, também jornalista, jornalistas nunca sabem do que estão falando. são especializados em generalidades...

pois, a lista era sobre as obras de arte mais influentes do século XX. e a obra mais influente era o urinol do duchamp. e o jornalista acha que a lista é discutível porque o picasso ficou em segundo. mas não é (pelo menos não por causa disso). nada mudou tanto o conceito de arte, a visão de arte que existe no mundo quanto a anti arte do duchamp. eu posso não me emocionar com isso. mas quem disse que arte é pra se emocionar? arte, como já dizia da vinci, é um processo cerebral. não é o desenho. não é a beleza. é o intelecto, o saber que é arte, que torna aquilo arte. é uma relação com o objeto, e não o objeto em si. e isso foi explicitado pela primeira vez com duchamp. e ele é imprescindível. a lista é discutível porque talvez o objeto não tivesse nada a ver com isso. mas só.

a arte não é retínica Marcel Duchamp
noite em família. divertido ver os primos todos juntos. falar bobagens em família, quando não é sempre, é sempre bom...

2.12.04

Quantas Lágrimas
Manacéa

Ah, quantas lágrimas eu tenho derramado
Só em saber que não posso mais reviver o meu passado
Eu vivia cheio de esperança e de alegria
Eu cantava, eu sorria
Mas hoje em dia eu não tenho mais
A alegria dos tempos atrás
Mas hoje em dia eu não tenho mais
A alegria dos tempos atrás
Só melancolia os meus olhos trazem
Ai, quanta saudade a lembrança faz
Se houvesse retrocesso na idade
Eu não teria saudade da minha mocidade...
acordei, liguei a tv no 40. mania de ver jornal assim que acordo. tinha visto logo antes de dormir também. mania. deixa quieto. mas hoje achei ótimo. entrei no banho, passeei com a cã, e voltei pro quarto e pra tv pra me trocar. eis que teresa cristina aparece no trem do samba, em oswaldo cruz cantando quantas lágrimas... quer dizer, meu dia começou bem por acaso. podia continuar assim...
LANÇAMENTO EDITORA UFRJ
Comunicação e Diferença :
uma filosofia de guerra para uso dos homens comuns
de Marcio Tavares d´Amaral
DIA 02 DE DEZEMBRO
19h

LIVRARIA CASA DA CULTURA
R. REAL GRANDEZA, 190 - BOTAFOGO
tel: 2286-1252
estacionamento no local
DEBATE COM EMMANUEL CARNEIRO LEÃO, FREI BETO E MARCIO TAVARES d´AMARAL

Neste seu novo livro, o filósofo brasileiro, professor da Escola de Comunicação da UFRJ, revela sua convicção de que, mantida a tendência globalizante de anulação da alteridade, de eliminação das diferenças, o mundo corre o risco de morrer. Contra isso, o livro propõe uma guerra em favor das diferenças, passando em revista os conceitos filosóficos que marcaram o pensamento moderno e contemporâneo. O livro trata de temas como sofrimento e compaixão, fraternidade e gentileza, entre outros, buscando fornecer munição intelectual ao ser humano, do mais simples ao mais sofisticado, na luta contra a pulsão de morte que atravessa a sociedade e o pensamento contemporâneos.

www.editora.ufrj.br
2541-7946
filme meio mais ou menos. quer dizer, até é bunitinho, mas é mais ou menos. o personagem principal devia fazer análise, largar o pai pra lá e cuidar da vida. depois, chopp e muitas bobagens, mas muitas bobagens faladas. e chegar em casa e dormir tão bem... ficando absolutamente histérica com prazos chegando e nenhuma capacidade de estudar...

1.12.04

eu quero muito ver esse filme. sei que ainda não estreou nem por lá, mas o johnny depp de willy wonka é necessário. e as wonka bars. e o globstopper permanente...
sempre fui sozinha. uma criança séria, sentada no canto, lendo. uma adolescente sempre lendo também. em algum momento percebi que não podia passar a vida assim. que precisava conhecer pessoas. que faz parte da vida (e uma parte muito gostosa) ter amigos. e eu tentei me abrir pro mundo pra ter amigos. mas o meu mundo vai tentando se fechar de novo. e sempre. eu fico nervosa. e mau humorada. e triste. e quero os livros, as telas, os papéis de volta. e escrevo e leio compulsivamente. como se as pessoas tirassem um pedaço de mim ao invés de acrescentar. e fico irritada a toa, e não quero ver ninguém. como uma volta à infância, eu penso... mas daí eu acordo, e tudo isso passou, e eu quero de novo ver gente, e sair, e dançar. mas eu sei que é um ciclo. e que eu sempre volto pro começo, pro umbigo, como nesse texto. meu mundo fechado me persegue. por mais que eu adore meus amigos, sair, falar bobagens, nada me deixa em paz como um livro. e eu me sinto observando as pessoas ao invés de participando quando eu entro nesse barato. lembro que desde criança a única coisa que me acalmava, que me trazia de volta pra terra, era um livro. e até hoje eu uso isso. se estou triste, leio qualquer coisa. o livro é minha única companhia. o cinema vez em quando substitui. e as gentes ficam pequenininhas de tão longe. meu medo de ficar sozinha é medo de acabar de ler tudo...
aula. e dormir. tinha um festão pra ir, mas tava cansada. me lembra uma vez que s. me disse que isso era um ponto a meu favor. que uma das questões de análise é não querer ser deixada de fora de forma alguma (o tal do ciúme) e eu não ia pra festas porque queria ler ou dormir. e essa eu achava que ia ser boa, só tava toda errada pra ir...