30.5.16

família

detesto família. não sei lidar. sou uma pessoa de amigos. aquariana, alguns diriam. chata, digo eu mesma. nem sempre tenho o que falar. nem sempre me sinto muito à vontade. mas era casamento do meu irmão. e nem sempre eu caso um irmão. alguns vão dizer que, com sete irmãos, isso nem é verdade. mas tergiverso. é meu irmão. e é caçulinha, sim. apesar de ele ser o mais velho, pra ele mesmo. mas é mentira. a mais velha sou eu. e caçulinhas são eles todos. pra vida inteira, amém. darei bronca, abraçarei e direi que são lindos. podem se acostumar, se não se acostumaram ainda. mesmo que bissexta, num desisti não desse papel. apesar do outro irmão ter dito "na verdade família pra você é só a nuclear. você ignora o resto, apesar de entender. tem mais ligação com os amigos"


voltei pro aquariana. e pior que é verdade o estereótipo aqui. os amigos que carreguei pro dia a dia. os que me conhecem o meu trabalho. os que eu seguro a mão se achar que precisam. os que eu não deixo de ver por nada. são meu porto seguro muito mais do que a minha família. vejam bem. eu gosto deles. eu só não tenho essa ligação atávica. eu acho lindo eles terem. enchem meus olhos de lágrimas com tanto carinho. eu percebo que o afeto entre eles e comigo é muito real. e eu quero poder retribuir. só não sei fazer isso. 

e daí eu que nem ia falar tanto. queria só dizer que. as diferenças nunca cessaram. mas elas são boas. e eu posso ser capaz de um amor que não é o que eles esperam. não é derramado. tátil. de riso frouxo e corpo aberto. essa não sou eu. eu acho isso lindo. eu admiro isso neles. eu vivo dentro da cabeça e pelos dedos nos teclados. meu derramamento é aqui. escondido. sem avisá-los, inclusive, idealmente (a timidez, gente, a timidez vez em quando supera tudo, menos essa exposição daqui)

eu posso te amar. e não sei se você algum dia vai saber. porque o mundo é bom aqui. no meu ninho. nos meus dedos. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Amar alguém não é fácil, escreveu alguém hoje com sabedoria no facebook.
Parabéns pelo texto.
Helê