9.10.06

eu fico nervosa vendo debates eleitorais. sinceramente nervosa. tenho vontade de bater num, de soprar pro outro... ontem, claro, não foi diferente. me veio uma sensação de 89. ainda lembro da cena. 3 televisões empilhadas na sala, que uma quebrou, pegamos outra, ela quebrou, pegamos outra... acabou aquela bizarra pirâmide. um bando de gente lá em casa, eu ainda com 13 anos distribuia santinhos pra quem entrava (na época, santinhos do pcb. freire, que vergonha. tá, eu sei que ele ainda não tinha posto todas as manguinhas de fora). e todos vimos aquilo juntinhos. meio emocionados. era a tal da possibilidade de eleger presidente, sabe? (e eu queria poder ser adulta. quis a vida inteira, e quando aconteceu mudei de idéia, mas isso é outro post) lembro de cada bloco, quase. do brizola falando. do ulysses, meu deus. e do aureliano, e do caiado. era candidato pra todos os gostos (tinha até o sílvio santos!)(22, acabo de descobrir. afif devia estar feliz).
e eu ainda achava que no mundo só tinha pessoas de esquerda. ainda não tinha visto que um amigo meu ia virar udn. que outro ia preferir tomar balinha e dormir até tarde. que uma ia preferir viajar a votar. eu era (e sou) uma pirralha meio preocupada com política. minha melhor amiga na época perdeu nossa formatura na oitava série porque chorou tanto com a anunciação do collor presidente que perdeu a hora.
volto ao debate de 89. fiquei triste ao fim com as ofensas pessoais. era aquela coisa mesquinha, sabe? de se discutir quem fez o que aonde com quem, mas nada de falar de visão, de partido, de política. eu gosto de política. de discussão de métodos. de crenças. de ideologias, formas de ver o mundo.
então, o debate de ontem me deixou quase tão frustrada quanto o de 89. menos porque eu já aprendi como é um debate. mas eu preferia ver debates sobre política. e fiquei com a sensação que o meu candidato (alguém ainda não sabe qual?) também. porque eu vejo nele essa paixão pela política, vejo ele querendo falar sobre isso e se vendo encurralado com acusações que nada têm de política. vejo no outro uma paixão pelo poder, querendo fazer acusações e se defender, e se mostrar um bom moço, temente a cristo. pode ser que eu esteja errada. mas nem os jornalistas fizeram perguntas pertinentes a política. (a única resposta que envolveu política de alguma forma foi a do alckmim sobre política carcerária fingindo que não quer a redução de maioridade penal. e querendo isso. me deu calafrios) e isso é só perda de tempo, não? que acusações eu posso trocar com tanta gente... mas discutir idéias com uns poucos.
na verdade, não sei quem foi melhor no debate. porque não vi um debate político. e não sei quem foi influenciado por esse programa de tv. se viram o que eu vi, certamente acham, como achei, que perderam seu tempo (porque fomos enganados pela propaganda alheia, veja, continuo ingênua), e isso me deixa assim, triste como aos 13 anos, de camisa com foice e martelo (e boina vermelha com estrela de lenin!), olhando a tv.

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