9.10.16

radical

eu tenho alguma noção de que esse texto não deve chegar a quem eu queria que chegasse. esses que acham que eu sou isso daí de radical. esses que acham que ser radical é algo ruim. algo que prevê quebras e perdas de todas as formas. esses que morrem de medo de mudança. eu sei disso. e acho uma pena. de algum jeito, eu queria falar com eles. segurar a mão e falar: cara. você me conhece. me vê na rua. é da minha família. estuda comigo. você sabe que eu não quebro nada (no máximo tropeço e caio). que eu sou uma ermitona um tanto tímida e de voz baixa. você sabe que eu escolho as brigas e já deixei na adolescência as brigas de bar e discussões na rua. você sabe que eu sou turrona mas me calo pra ouvir o outro. mas enfim. eu queria ser ouvida hoje. pra falar disso daí, dessa ideia do radical. do outro como fonte do medo.
eu posso falar que isso é filosoficamente estudado. a alteridade como fonte de medo e ódio. que isso é parte da engrenagem que gera o racismo. e parte da engrenagem que mantém o capitalismo. eu posso falar que um bando de coisa que eu não sei se você conhece. mas eu vou tentar falar sem ser assim. falar mostrando que não somos, todos, o outro do outro. os infernos dos outros. a gente não precisa eleger o outro assim com tanta força. o outro pode mudar. a gente pode mudar.
vem comigo aqui que eu te ajudo. mudar pode ser delicioso. a gente é mais forte como grupo. isso não é ser radical. é tentar acreditar no homem como medida de todas as coisas. no homem. acreditar que a gente pode. que a gente tem poder. o que eu busco, e tantos como eu, aqui, na caixa de ressonância e fora dela, não é uma quebra radical de tudo. é uma mudança, talvez radical, que permita que existam menos outros amedrontadores no mundo. é tirar de quem tem esse medo todo. mas me diz. por que você quer ter esse medo? acho que no frigir dos ovos, o que eu quero saber é isso: o que esse medo tem que as pessoas querem ele ao seu lado? ele é constituinte delas? tem gente que diz que sim. eu queria acreditar que não. que esse medo pode ser tirado. que podemos conversar aqui. e no mundo. para tentar entender. porque nesse instante. nessa hora. eu entendo muito pouco e busco muita coisa.

mas deixa. eu sou a maluca que gosta de roupa extravagante. que raspa a cabeça. que não entende você. mas eu quero entender. me explica. por que eu e os meus te ameaçamos? eu quero entender, porque eu não me sinto ameaçada pelos outros.

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