7.9.16

o sul

o sul é o meu país. não essa coisa fria do sul do país. não o sur mítico da américa. mas o sul dos subalternos. do negro. do que não é ocidental. no sul não somos iguais todos. no sul podemos mudar sempre. no sul os caminhos não são cartesianos. eu renego a lógica cartesiana que me criou. é complicado falar isso assim, eu sei. é difícil. não é lógico. mas eu aprendi faz muito tempo que a lógica. ela é superestimada. sobretudo aqui. nesse espaço que, queiramos ou não, não se curva ao cartesiano. não temos ruas quadriculadas. não temos acontecimentos lógicos. não temos sucessão histórica. a pergunta que fica pra mim é: qual a necessidade de buscar isso? se podemos construir esse outro a partir do que temos aqui?

temos aqui, no sul, o ocidente e a sua negação em convivência. podemos seguir tendo. precisamos seguir negando. porque o ocidente, aqui, entra como violência e como negação de cultura. como brutalidade. não precisamos repetir eternamente essa brutalidade. nada disso é exatamente o que eu queria dizer. tudo isso é um pouco do que eu quero ser. do que eu busco. novas formas. novas coisas. novos eus. novos nós. muito mais bacana do que buscar ser o que não somos. o que não querem que sejamos. o que não seremos jamais. fora do ocidente. fora do cartesianismo. podemos muito mais. muito. nossos corpos podem muito mais.

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