28.9.07

sempre tive pavor de sentir dor. pavor assim de ficar travada ante a mera possibilidade. sempre fui do tipo que pede anestesia pra furar orelha. que tem medo de subir na bicicleta porque vai que eu caio da bicicleta? daí, dói. dizem que eu era uma criança que não pulava. por medo de cair. cair sempre foi assim um medo maior do mundo. engraçado como, com o tempo eu fui perdendo os medos. descobrindo que eu preciso pular de vez em quando. e que não tem anestesia pra algumas coisas. e pra outras, veja bem, eu sou alérgica a alguns anestésicos. porque claro que o corpo da gente prega peças nos nossos medos. então, quando precisei tomar morfina, passei mal com ela. quando preciso passar xilocaína, a pele quase cai de tão irritada que fica, e, claro, a dor aumenta. a descoberta que fica é que dor não mata. é que ela também não ajuda a crescer. mas faz assim parte da vida. e então eu pude voltar a subir na bicicleta. e pular. porque o pior que pode acontecer é sentir alguma dor, não?

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