29.10.04

todo um projeto pronto. chega hoje e me avisam que vai ter de ser realizado com um papel reciclado feito por sei lá quem. tudo vai pro lixo. e tem de ser entregue (já refeito e pronto) quarta. e eu nem fiquei chateada com isso. devo estar tomando um calmante escondida de mim mesma.
tomar vergonha na cara, sentar e estudar. são meus planos pro fim de semana. sábado volto a ter aulas o dia todo. chego em casa, e me dou ao direito de descansar o resto do dia. mas domingo, acordo e estudo. segunda, faço o exame, almoço e vou mergulhar nos arquivos do meu avô. terça, sento e escrevo as fichas e o texto da monografia no computador. quarta, chego do trabalho e continuo os fichamentos. quinta, o mesmo. não posso parar de estudar por esses dias. só me dou de descanso, daqui pra diante, as tardes e noites de sábado. e está muito bom, quer saber?
vez em quando a gente acha que enterrou um assunto. mas ele não quer ser enterrado. daí a gente faz o que?

28.10.04

estou torcendo pelo kerry. bem muito. será que a gente consegue alguma coisa com o poder do pensamento? já andaram sumindo votos na flórida, só pra provar que observadores internacionais são um mínimo na terra do tio sam pras eleições saírem minimamente corretas... prova de que o tal do poder realmente é corruptor. confesso que meu lado espírito de porco bem ia gostar de ter algum problema. uma nova eleição. pessoas presas por corrupção. porque, no fundo, a diferença maior daqui sempre vai ser a tal da impunidade. enquanto uns vão presos sem direito a sair por rinhas de galo ou orubar mariolas, outros, por muito mais só dão um por fora e fica tudo certo. e não se fala mais nisso...
sinceramente, achei muita graça do duda mendonça preso. achei mesmo. mas essa caça às bruxas é ridícula. eu, que bem gosto de ver uma tourada, ia estar sendo hipócrita, no mínimo, ao falar mal de rinhas de galo. aliás, quem proibiu as tais foi o louco do jânio (ou alguém chama ele de outra coisa?). óbvio que ele estava contra a lei. mas ele não matou. ele não roubou. nada moralmente condenável, até onde eu saiba...
tem dias que eu me pego desejando o que não devia mais desejar. de repente é verdade, a gente não sabe o lugar certo de colocar o desejo...
médico. batalhão de exames. eu nem sou hipocondríaca, imagina. mas segunda eu faço os exames. tem de fazer, depois comer a singela refeição de um prato de massa, frutas (no plural) e um doce e tirar sangue de novo... se eu sobreviver, eu conto...
quase dois dias sem internet. na frente de um computador e sem internet. quase deu pra cortar os pulsos...

26.10.04

José
Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

quero colo, pode?
ando matando as aulas de segunda. não dianta. detesto o professor. mas acho que vou tomar vergonha na cara, assistir as aulas e entregar esse trabalho logo. pra poder me formar. pra ter esse treco desse diploma de pós. pra que ainda não sei.
a gente vai e pensa que tudo está certo, tudo está resolvido. mas a verdade é que nunca está.
as coisas mudam de repente, ou voltam pro mesmo ponto e pegam a gente assim, meio desavisado, sem saber o que fazer, por mais que a gente finja que sabe exatamente o que fazer. e fingir vai virando um hábito. quase como acordar de manhã. a gente se acostumou a não pensar mais naquilo. afinal, foi resolvido. mas e se tudo pudesse ser diferente? e se as coisas tivessem acontecido de outro jeito? se o mundo fosse cor de rosa, a gente ficava mais feliz no final?

pior que acho que não... os ses iam continuar nos assombrando. a gente ainda ia se achar fingindo alguma coisa que não ia saber bem definir. quer dizer, pelo menos eu tenho a consciência de ser assim. e acho que faz parte da natureza humana, a tal da insatisfação. vem com a tal da curiosidade, acho. ou é só um vício meu. não sei de nada hoje...

25.10.04

achei impressionante o tamanho da rinha de galos onde o duda mendonça foi preso (fora a cara de pau dele e do babu, mas isso é outra história). eram 300 pessoas. 100 galos. e o lugar parecia uma boate, todo arrumado. a gente imagina uma rinha num galpão clandestino caindo aos pedaços. não num lugar tão chique... não dando um carro pro galo ganhador.
as daminhas brincavam com os cupins na luz no meio da cerimônia. todas enfeitadas e correndo atrás dos bichinhos, eu, que não consigo resistir, entrei na brincadeira apontando onde eles estavam (afinal, quase não fui pro meu lugar com medo da vespa). a outra madrinha me deu uma bronca depois... tá, foi merecida, eu sei. mas quem ia impedir quatro crianças de brincar com insetos?
fiz penteado pro casamento. um ixpetáculo eu tava, de cachos no cabelo (tá certo que eles foram sumindo, não importou a quantidade de laquê que a moça passou). sapatos comprados no sábado mesmo, já que o sapateiro não abriu e meu sapato tava por lá. vestido com as costas livres, alças cor de rosa cruzadas. de florzinha, na altura do joelho. confesso que, apesar de achar um saco me arrumar, adoro o produto final. adoro me olhar no espelho e me achar linda...
sexta teve aniversário da avó. de pé desde as 7 pra arrumar tudo (disso que vale trabalhar par tia, pude tirar o dia de folga pra ajudar na arrumação). meio dia, os velhinhos, como chama minha tia, começaram a chegar. uma e meia o almoço tava na mesa. muita comida. cabrito, bacalhau, vatapá, rosbife, arroz de brócolis, arroz com feijão verde, espinafre, farofa, batata, alho poró, salada (essa nem foi tocada), empadinhas, beiju, baba au rum, baltazar, toicinho do céu, bom bocado, pudim de claras, ambrosia... por volta das 5 todos saíram e minha vó foi dormir. 5 e meia chega outro amigo dela com a mulher. fazendo sala mais um tempo. saí de lá quase as 8, pra pegar uma bolsa emprestada pra ir ao casamento. cheguei em casa as 11. direto pra cama. de manhã, ainda tinha de arranjar um sapato pra brincar de madrinha... minha vó tava feliz. bom isso. ela tava realmente muito feliz com a festa toda e todos ao redor dela...
sábado, g casou. tava feliz, feliz... achei muito chique brincar de madrinha. achei muito chique o casamento. a casa era linda. a mãe da noiva chorava. todos foram muito arrumados. os insetos tentaram roubar o show, mas nem conseguiram. quer dizer, eu sei que é um casamento meio padrão. mas eu não costumo ir a muitos casamentos. inda mais de madrinha (foi a primeira vez, a bem da verdade). é estranho, mas a gente se sente fazendo parte. e a festa foi divertida. dancei bastante. bem muito com a noiva. saí de lá cedo, dormi cedo e muito, muito cansada...

20.10.04

quero colo. quero dormir. não quero mais trabalhar. quero estudar e dormir. estudar e dormir.
saiu ontem um pé de página falando que o sni, ainda nos dias de governo fh, investigava os partidos de esquerda. veja bem, uma nota que fala que o governo investigava e boicotava os partidos de oposição saiu como um simples pé de página. como se não fosse importante, fosse só um caso de curiosidade. depois o psdb vem falar de ética. o fh vem fazer pose de homem íntegro e cioso de suas responsabilidades.
sair pra beber com amigas é garantia de risadas. plena terça a notie e fazia tempo que eu não me divertia tanto. os sebozoz postizos foram uma vontade, que eu tive que segurar, não havia jeito de acordar hoje indo pra um show que estava marcado pra começar as 10...