31.8.25

são paulo

 tirei as teias e elas voltaram. porque eu não sabia o que queria escrever. não saber me paralisa. papo pra análise. a centralidade de saber na vida.

enfim, sem saber, ontem fui ajudar um amigo, fazer as vezes de tradutora para uma entrevista do trabalho dele. falar com artista argelino que está na bienal.

fui. resolvi me arrumar pra tentar ir dali encontrar uma amiga em vernissage. e um amigo em outra. rolou a entrevista. apareceu supervisora. nos apresentou mais artistas. pediu que eu a esperasse voltar com os artistas. esperei, encontrei mais conhecidos e fui ficando. conversando sobre trabalho, sobre a vida. me perguntaram se é verdade que São Paulo é tão perigosa assim. falei pra prestarem atenção no celular, mas que era realmente uma questão mais de pickpocket, ao menos no espaço que eles estão, que de outra coisa. perguntaram sobre outras coisas. falei do museu nacional, de vestígios e de cartas. é interessante ter pessoas com interesses comuns.

pois muito bem. era um lindo dia no Ibiraquera e havia uma festa para ir onde, aparentemente, todos iriam, na praça. fui encarregada de levá-los na festa. levei. música, bebida em barracas, comida em food trucks. tudo festa na praça. compramos bebida - até vinho natural tinha, lembrem, eram todos artistas. 

paramos num canto conversando, esperando d. uma senhora ao lado fazia algo em uma panela elétrica. o m. me mostrou e falou q era ovo de galinha, contando longa história sobre o Cabo Verde, que frequentava criança e os vendedores de ovos pelas ruas - note to self: conhecer Cabo Verde. eis que a senhora vira e pergunta: não querem? é ovo orgânico. não, não queremos. insiste. seguramos, constrangidos, potinhos de papel com uma porção de ovo mexido dentro. ela oferece pimenta de moedor. comemos. 

ao longo da noite e dos diversos grupos que encontrei na festa, a cena se repete. a festa era, no vaticínio do grupo de cariocas desterrados, muito paulista, sem samba e sem gente dançando na praça. 22h vim pra casa, dei tchau pra amiga, cansada e pensando no dia de hoje. no trabalho e na sobrinha. a senhora ainda estava ali, oferecendo ovo. encontrei d. enquanto esperava o táxi e ficamos conversando um pouco.

ainda quero entender quem teve a ideia genial do ovo, gente. 

15.7.25

tirando teias

 em oito anos, de novo, tudo pode mudar.

eu então...

não sei onde estou, mas sei que escrever, como respirar, como comer, é preciso. é uma função fisiológica, como tá na moda dizer. vocês não acham bacana tudo ser fisiológico? até conversar com amigo? eu acho ótimo. fisiologicamente eu preciso mandar tomar no cu quem fala isso. melhor não. pode ser bom. 


hoje eu fui num médico e a experiência foi estranha. fui com minha mãe pra simplificar. as duas tinham de ir em um ortopedista. as duas nos aborrecemos. cada uma uma hora.

o senhor achou que ela tinha quadris largos. e repetiu isso vezes demais. ele queria saber que exames eu fazia pro meu coração.

eu queria saber que cisma é essa. com meu coração, quem cuida é meu cardio, caraio.

e o consultório. ele falou que está ali faz 41 anos sem reformas. pelo banheiro. eu diria uns 70. Nelson Rodrigues não saberia descrever aquele consultório. madeiras escuras. umas luminárias erradas. e só ele no consultório. 

depois eu pensei que ninguém conseguiria trabalhar com ele.


pelo menos o almoço com o amigo foi bom.