10.9.15

João
- não, Julia, não dá pra chamar mais gente.
- mas...

Julia estava querendo chamar cem pessoas prum quarto e sala. Entendo a vontade de comemorar e tal. Mas não cabe, cacete. E meio que passamos da idade. Sei lá, já é o segundo casamento. E meio de sopetão, não? Nem ia metade desse povo, também. eu podia relaxar.

- foi, amora, combinei de cada um levar bebida. Comida eu me encarreguei. Pedi ajuda pra minha mãe. Mas não inventei muito. Quiche, bolo, essas coisas com cara de chique e fáceis de fazer.
- tem a pecan pie?
- tem, claro. Acho que não tem nada vegano, tem problema? Posso inventar algo.
- a outra noiva é vegana, Mariana. Como assim?
- brincadeira, tem salada e uns salgadinhos que achei uma receita. Enfim. Fica tranquila.

Roubada. Tudo isso e Julia nem tinha visto do João. Suzana ficava encarnando em mim sempre que me via. Duas semanas puxadas essas. Porque concordei com isso? Fora curtir festa?

Marta ainda resolveu encher meu saco que não tem tema na decoração. Cansei de explicar que tem. Chama juntar trapinhos e chamar os amigos na casa da outra amiga que não gosta de bibelôs. Sem tema. Sem berloque. Se insistir, cubro tudo de purpurina. Carnaval. Único tema possível. A amiga dando a festa tem um mestrado para acabar, sabe? Doutorado, enfim.

- Mariana. Falei com João.
- oi? Como assim? Falou o que?
- nada demais, calma. Mas ele vai na festa. Você ainda quer que ele vá, não?
- sim. Não. Não sei. Cara. Ando tão fechada que acho que inventei ele pra ser inatingível. Enfim
- tá. Se vira. Atinge aí. Porque ele vai sozinho. E Mariana...
- que foi? Calma, tenho quinze anos e não sei fazer essas coisas.
- eu sei, flor. Mas obrigada. Pela festa.

interlúdio em inglês.

Hi. today I found an old letter from you. And decided to search you on the web. doing that, I found out that you died last year. and I cannot help but to feel guilty. for not keeping contact when you were still alive. I know, it's all a part of life. sometimes we can and sometimes we can't keep in touch. I moved. several times. your courses in Brazil stopped. we had our reasons, I'm sure. and the fact is. I think I never thanked you enough. for helping me be who I am now. for teaching me so much about art and alterity. with you I understood so much that I never noticed before. I will always cherish the day I met you at the MoMA. you wore your teacher's apron, as always. and I probably was using something plain. you helped me to see that it is ok to be eccentric. it is ok to try to do things differently. it is ok to try. sorry for not being everything you told me I could be. but I promise I'll keep on trying. and maybe someday. I can be as good a teacher as you were. you were inspiration. thank you.