explica-se... na família, muito morena, nasce a loirinha aqui. meu avô olha, olha... e solta essa, nasci branca por cruza, algo deveria explicar...
aqui apenas os fatos são inventados
o essencial da arte é exprimir;
o que se exprime não interessa
fernando pessoa
31.7.12
o braço entra pesado na água. o rosto olha pra raia. o outro braço entra, quase ao mesmo tempo em que aquele sai. o rosto ainda olha pra raia. mais uma troca, dessa vez o rosto se vira de lado. respira. as pernas batem compassadamente. quase copiando o ritmo dos braços. tudo em um mundo longe. muito longe. a verdade, penso, é que dentro da água é tudo mais bonito. e que, acho, meu édipo se mostra todinho quando vejo uma piscina...
28.7.12
não, eu não sou mãe. não, não foi por acaso. ou foi, não sei. desejo é coisa que não se explica. não desejei isso pra mim. até hoje não. me assustei quando soube que podia não ser mais escolha. mas quem eu quero enganar? não sou mais nenhuma criança. o que eu fiz pra resolver? guardei na poupança 3 óvulos. rechonchudos e branquinhos, espero. menor ideia do que fazer com eles se não usar. você quer?
21.7.12
um dia, ah... um dia o caminho todo vai parecer óbvio. e eu vou acordar e olhar pro lado e achar que era ali que eu queria estar. e um dia, juro, um dia, essa ansiedade para de queimar por dentro, essa inquietude some de dentro das mãos. as coisas vão fazer sentido. e as pessoas vão parecer certas. um dia, prometo, o passado não vai angustiar, mas só existir. e o futuro não vai ser um desconhecido. quando o sol nascer, ele vai ser exatamente o que você queria. e quando chover, vai ser porque precisa chover. e a noite vai se por, e não vai te pegar desprevenido na estrada. porque a estrada é complicada, sempre. um dia... um dia a estrada acaba. um dia ela tem um destino. mas confesso. gosto da angústia. sinto prazer na ansiedade. adoro as pessoas erradas. e daí. e daí... fico só esperando pelo dia certo, sem a menor vontade de que ele chegue.
20.7.12
o velho clichê. a viagem vale mais que o caminho. na viagem eu choro. na viagem fico só. como sinto falta dessa solidão. acho que por isso aprendi a gostar de andar de ônibus. seis horas no lugar de uma... seis horas sem ninguém ao lado. sem amigo, sem mãe, sem inimigo. seis horas em que o mundo pode voltar um tico pro eixo. ou sair dele de vez.
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